Em Portugal, os Planos Poupança Reforma (PPR) têm sido uma das principais opções para a segurança financeira na reforma estar garantida. No entanto, ainda enfrentam vários desafios que limitam a sua eficácia. Entre esses obstáculos, destacam-se a falta de uma proposta de valor clara em fundos PPR de ações no canal segurador, bem como a necessidade de maior transparência na apresentação e justificação dos investimentos destes produtos e redução das comissões praticadas.
Os PPR em Portugal e a necessidade de transparência
A transparência na apresentação dos investimentos é um ponto crucial. Muitos investidores têm dificuldades em compreender onde e como o seu dinheiro está a ser aplicado, o que pode gerar uma sensação de insegurança ou, pelo menos, de desconhecimento. A falta de uma justificação clara para as escolhas de investimento dentro dos PPR dificulta a confiança no produto e pode desincentivar os aforradores a aderirem a estas soluções de reforma. Uma maior clareza nas informações sobre as taxas de gestão, os riscos envolvidos e os custos associados ajudaria, por outro lado, a fomentar essa sensação de confiança.
Os fundos PPR de ações proporcionam no longo prazo ganhos historicamente mais avultados, sendo que, a análise do passado mostra que o investimento em ações é o ativo que melhor remunera o aforrador. A fragilidade da literacia financeira aliada aos fracos incentivos do Estado nesta matéria de PPR geram uma cada vez maior preocupação com este tema e deixam desprotegidos aqueles que são mais vulneráveis.
O papel do Estado
Ora vejamos, cada vez mais a esperança média de vida aumenta, os cuidados de saúde são cada vez mais dispendiosos e os sistemas públicos de segurança social mais deficitários. É urgente uma resposta do setor que mais deve salvaguardar o tema que tem de estar no nosso quotidiano: a longevidade.
Embora existam benefícios fiscais para os que aderem a estes planos, o Estado poderia ter iniciativas mais robustas, com medidas que incentivassem uma maior adesão, especialmente entre as camadas da população que têm menor capacidade de poupança. E verdadeiramente incentivar a permanência do PPR a não o seu contrário, ou seja, o resgate, tal como aconteceu durante a pandemia do Covid. A medida revelou-se necessária, mas acaba por usar um instrumento de longo prazo para suprir necessidades de curto prazo.
A importância da literacia financeira
Por fim, a literacia financeira em Portugal ainda é um desafio significativo. Muitos cidadãos não têm uma compreensão adequada sobre como funcionam os PPR, o que limita a sua adesão e eficácia. Programas de educação financeira, desde a escola até à vida adulta, são essenciais para capacitar os portugueses a tomar decisões informadas sobre o seu futuro financeiro. A melhoria da literacia financeira é fundamental para que os aforradores compreendam a importância de poupar para a reforma e saibam escolher os produtos mais adequados às suas necessidades. Neste campo, diversos movimentos e empresas têm apostado neste segmento e bem.
Em resumo, os Planos Poupança Reforma em Portugal têm potencial para desempenhar um papel vital na segurança financeira das gerações futuras, mas para isso é necessário que haja uma maior clareza nos produtos oferecidos, maior transparência na gestão dos fundos, um apoio mais efetivo por parte do Estado e uma educação financeira mais eficaz. O fortalecimento dessas áreas pode contribuir para um sistema de reforma mais robusto e acessível para todos, contribuindo para um bem estar generalizado desta faixa etária que se espera que nos próximos anos seja cada vez maior e com maiores necessidades de cuidados continuados.