“Com grande poder, vem também grande responsabilidade”. Acessibilidade e personalização serão palavras-chave para o futuro da mediação de seguros, e é precisamente sobre este mundo de possibilidades que o nosso cofundador Paulo Montez se debruça neste artigo de opinião.
Não tenho dúvidas de que a tecnologia aumentou significativamente o valor crítico da atividade seguradora. Basta olharmos para o nosso telemóvel, onde provavelmente qualquer pessoa que já trabalhe ou seja financeiramente independente tem uma aplicação com os seus seguros. Não faz assim tanto tempo que havia a necessidade de nos deslocarmos fisicamente aos nossos mediadores ou representantes para tratarmos qualquer assunto relacionado com as nossas coberturas.
Hoje? Dois ou três toques no ecrã do smartphone e estamos lá.
A aplicação das soluções tecnológicas atualmente disponíveis na distribuição de seguros tem trazido vários benefícios para o setor segurador. Para lá da agilidade, a cada vez maior integração de mecanismos com recurso à Inteligência Artificial permitirão alavancar um nível de personalização nunca visto.
A meu ver, cabe aqui a fundamentação da atividade dos mediadores para os próximos anos – numa abordagem em que o cliente sai realmente vencedor, com planos feitos escrupulosamente à sua medida.
Este tipo de soluções será especialmente apoiado através da evolução do atendimento virtual. Com o suporte de chatbots fiáveis é possível cada vez mais aprimorar a experiência do utilizador aquando da subscrição de uma apólice, e proporcionar uma maior eficiência na interação com a companhia de seguros. Adicionalmente, ferramentas como o ChatGPT passarão a libertar os mediadores, insurtechs e representantes de seguros e seguradoras de determinados encargos rotineiros, permitindo que dediquem o tempo excedente aos seus clientes e a agregar valor ao processo de tomada de decisões.
É importante ressalvar que, do meu ponto de vista, estas ferramentas não serão as nossas substitutas. Serão, sim, ferramentas complementares às atividades dos mediadores – eles que, na sua essência, se manterão firmes enquanto lado humano desta indústria.
A crescente adoção da IoT – Internet of Things possibilitou também o acesso a informação, aprimorando a precisão e agilidade, principalmente na subscrição de um seguro automóvel ou de habitação. Ademais, a automatização dos processos associados tem resultado numa substancial redução de custos e maior transparência na regularização de sinistros anexados a este tipo de coberturas.
Por último, os incrementos na digitalização têm também servido para desenvolver o aspeto da cibersegurança; o facto desta indústria lidar com informação altamente sigilosa faz com que comecemos a testemunhar a implementação de medidas de segurança, como processos de autenticação mais robustos, inclusive com recurso a criptografia. Para os mediadores, estas ferramentas são um grande passo para garantir a confiança e a reputação da empresa.
Estes progressos levantam, no entanto, outras inquietações que não podemos – ou não devemos – ignorar. Segundo o relatório de 2022 do Parlamento Europeu sobre a Inteligência Artificial na era Digital, os custos regulamentares são “desnecessariamente elevados e os procedimentos de avaliação da conformidade divergentes”, pelo que tanto as instituições europeias, como as entidades de seguros, devem continuar a unir esforços para eliminar os obstáculos injustificados ao mercado único digital.
Aqui, os intervenientes do setor são early-adopters das novas tecnologias, e têm conseguido pressionar operadoras tradicionais à integração das mesmas, potenciado um mercado indiscutivelmente mais competitivo e lucrativo. Desta forma, estes pioneiros surgem como um elemento chave que proporciona uma maior concorrência e impulsiona o desenvolvimento do setor.
Ainda assim, lembra-nos o Tio Ben do Homem-Aranha que, “com grande poder, vem também grande responsabilidade”. Considerando a colossal importância que a Inteligência Artificial possui atualmente, torna-se imperativo estabelecer boas práticas e regulamentações éticas e transparentes para que o seu uso seja feito para um empoderamento da sociedade e não para algo nefasto. Felizmente, a União Europeia já deu os primeiros passos nesse sentido.
Numa altura em que a transição digital ganha um novo fôlego, e uma estonteante velocidade, é altura do setor segurador lançar de vez a sua teia e atirar-se rumo ao futuro.
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