As insurtech, um termo que combina “insurance” (seguro) e “technology” (tecnologia), representam uma mudança fundamental na maneira como as seguradoras operam, oferecendo aos consumidores novas opções, maior eficiência e personalização em suas apólices de seguro.

A Executive Digest falou com João Valente, cofundador da MOVA Seguros, para conhecer uma nova realidade no setor dos seguros, as insuretech, o trabalho que desenvolvem, as oportunidades e os desafios, e ainda o seu impacto no mercado tradicional dos seguros.

O que é uma insurtech e como é que se diferencia das empresas de seguros tradicionais?

Olhamos para as insurtechs como uma aplicação de tecnologia na base do serviço prestado, ou seja, seguradoras ou, no nosso caso, sociedades de mediação cuja plataforma principal de interação se foca numa plataforma digital, desenhada propositadamente tendo em conta a experiência do utilizador.

Esta fusão entre seguros e tecnologia desencadeou, a meu ver, uma transformação profunda e positiva no setor, e tem vindo a ser gradualmente acompanhada pelas grandes seguradoras.

Quais são as principais vantagens de utilizar uma insurtech em comparação com as seguradoras tradicionais?

As insurtechs reinventaram a forma como as seguradoras se relacionam com os seus clientes.

Oferecem apoio 24/7 através de chatbots, uma capacidade de acesso e personalização praticamente imediatas e trabalham no sentido de simplificar e desburocratizar os processos para os clientes. Isto é algo que tem sido visto como um ponto a melhorar, a meu ver, no setor dito “tradicional”, e que levou a que, com o desenvolvimento tecnológico, novos players mais ágeis e versáteis se conseguissem posicionar numa oferta de valor mais prática e acessível ao cliente final, mantendo a confiança e fiabilidade características do setor.

Acredito, ainda assim, que o caminho se faz de mãos dadas entre os vários intervenientes e que ainda existe muito potencial por explorar.

Quais são as desvantagens ou desafios associados à adoção de tecnologia no setor de seguros?

Tendo em conta o cariz do nosso negócio, novo e com ambições de disrupção, naturalmente surgem desafios que encaramos com positivismo e enquanto oportunidades.

As insurtechs estão a trazer mudanças rápidas e, por vezes, as pessoas podem ser um pouco avessas a isso. A adoção de novas tecnologias, por mais valiosa que seja, também pode criar uma barreira para algumas pessoas porque nem todos se sentem confortáveis com a digitalização do processo de adquirir um seguro. No entanto, isto tem-nos impulsionado a investir no apoio ao cliente, através de interfaces amigáveis, mais “humanas”. Outro dos desafios que se destaca é a regulação; o mundo dos seguros é altamente regulado e a introdução de novas tecnologias pode criar um terreno fértil para dúvidas no que diz respeito às questões legais.

Por isso, o nosso foco é em nutrirmos na nossa plataforma um ambiente seguro, educativo e transparente para quem nos procura.

Como é que uma insurtech utiliza a tecnologia para melhorar a experiência do cliente?

Creio que, a acrescentar à óbvia celeridade trazida pela digitalização e o acompanhamento ilimitado ao utilizador através de chatbots, os desenvolvimentos recentes de ferramentas com recurso a Inteligência Artificial trouxeram o destaque para a questão da personalização.

Atualmente, através das plataformas digitais, é possível conceber apólices consoante as necessidades do cliente, algo pelo qual primamos na MOVA – gostamos de dizer que somos “alfaiates dos seguros” precisamente porque, quer através da nossa plataforma, quer através do recurso à nossa consultoria, o cliente connosco sai com um plano feito à sua medida como um fato feito no alfaiate. Por outro lado, a conveniência também é um aspeto fulcral.

Com a tecnologia ao nosso alcance em apenas alguns cliques ou toques no ecrã, podemos aceder a informações sobre a nossa apólice a qualquer momento em virtualmente qualquer dispositivo.

Qual é o impacto da insurtech no mercado de seguros em termos de concorrência e preços?

A nosso ver, a entrada das insurtechs acabou por ser benéfico para todos: as seguradoras tradicionais foram motivadas a inovar na sua oferta e os consumidores tiveram maior acesso a um vasto leque de serviços a preços mais competitivos, alavancando o início da transformação e potencial “desempoeiramento” de um setor regra geral menos dinâmico nesse aspeto.

Qual é o foco principal da MOVA em termos de produtos de seguros?

O nosso foco é no que o cliente realmente precisa e do que tirará verdadeiro partido. Desde o início percebemos que podíamos fazer a diferença não apenas em quantidade, mas sobretudo em qualidade, e por isso o algoritmo que regula o breve questionário inicial reflete isso mesmo, devolvendo um leque de até três opções ao utilizador.

Operamos tanto para particulares como para empresas, e, portanto, a nossa oferta é vasta: desde ciber seguros, seguros de saúde, de viagem, automóvel, acidentes, seguro para empregada doméstica, PPR, ou animais domésticos. No segmento corporativo, no entanto, o nosso primeiro contacto é sempre pessoal, para compreendermos as necessidades reais da empresa.

A partir daí, procuramos as soluções ideais para proteger os riscos operacionais, otimizar a eficiência fiscal e salvaguardar os investimentos e recursos humanos da empresa.

Qual é a estratégia de expansão da sua insurtech em termos de novos produtos, mercados ou parcerias estratégicas?

Na MOVA, neste momento o objetivo até fim do ano será aumentar em 50% o número de clientes particulares. Em termos das empresas que servimos, a nossa ambição passa por conseguirmos servir o dobro. Por fim, mas não menos importante, outro dos nossos objetivos é alcançar o marco significativo de 10 mil inscritos no Vault – a plataforma “cofre” da MOVA, que permite que os nossos clientes consultem todas os seus seguros num único lugar e à distância de um clique, dando-lhes paz de espírito e confiança na proteção que escolheram. Também temos o objetivo de aumentar o nosso volume de negócios no ramo não-vida, onde prevemos duplicar a nossa carteira. Além disso, no ramo dos seguros do ramo Vida, mantemo-nos bastante otimistas, com uma projeção de crescimento na ordem dos 20%.

Como vê o futuro das insurtechs e o seu papel no setor de seguros nos próximos anos?

Para já, tudo parece apontar para que o mercado das insurtechs continue a desempenhar um papel vital na modernização do setor. Portanto, a visão que temos para o projeto da MOVA é bastante positiva.

Acredito firmemente que este tipo de tecnológicas irá continuar a liderar o caminho e incentivar a concorrência saudável, sempre com o objetivo final de melhor servir os clientes.

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