Estivemos à conversa com o @ Link to Leaders sobre a nossa história neste primeiro ano de atividade e os nossos objetivos para os que aí vêm, através da aposta numa mediação transparente, personalizada e ética.

“Gostamos de dizer que somos os alfaiates dos seguros, porque tal como um alfaiate faz emendas, cortes e ajustes aos fatos, nós fazemo-lo com as subscrições, feitas à medida, dos nossos clientes”. É assim que João Valente, cofundador da MOVA, descreve a plataforma digital de mediação de seguros que está quase a fazer um ano.

Chegou ao mercado em setembro do ano passado para tentar simplificar o processo de escolher a companhia de seguros certa para as necessidades dos cidadãos. Chama-se MOVA Seguros e, nos primeiros meses de atividade, reuniu mais de 12 milhões de euros em carteira e cerca de mil clientes.

Esta plataforma foi criada por empreendedores com uma década de experiência no ramo e o seu negócio consiste na subscrição 100% online de seguros após o cliente responder a um Q&A que o “guia” até ao realmente precisa.

“O que verdadeiramente nos distingue é o foco que depositamos na atenção às carências dos nossos clientes. Este incentivo foi cimentado com a introdução do nosso Vault, a plataforma cofre, que permite que os nossos clientes consultem todas as suas apólices num único lugar e à distância de um clique”, explica João Valente, cofundador da Insurtech, em entrevista ao Link to Leaders.

Sobre as ambições para este ano, o empreendedor adianta que os planos “passam por alcançar 10 mil inscritos no Vault, aumentar em 50% o número de clientes particulares e duplicar o número de empresas que atendemos”.

Quem é a MOVA Seguros?
Somos uma mediação de seguros. Uma das nossas linhas de trabalho é uma plataforma que recomenda as melhores soluções de seguros, de entre as muitas opções disponíveis no mercado. O objetivo desta plataforma é oferecer seguros de acordo com a oferta do mercado e as necessidades de cada cliente. Inspirámo-nos no movimento que começou com as fintech no mercado bancário e replicámos esse modelo para o setor dos seguros. Foi neste contexto que surgiu a MOVA: por acreditarmos que os portugueses merecem uma plataforma que facilite a gestão da sua carteira de seguros, de forma intuitiva e eficiente.

O know-how que fomos acumulando ao longo de vários anos de trabalho na indústria, aliado à facilidade de contratação 100% online da plataforma e a uma equipa dedicada a fornecer um acompanhamento personalizado, proporcionou-nos uma base de clientes que já é muito interessante. Os princípios que guiam e diferenciam a nossa atividade são ver as necessidades dos nossos clientes como uma prioridade, baseando a nossa atividade na transparência da informação.

Afirmam que o objetivo da vossa insurtech é a personalização de planos, “tal como um fato feito no alfaiate”. De que forma, colocam esta abordagem em prática?
Gostamos de dizer que somos os alfaiates dos seguros, porque tal como um alfaiate faz emendas, cortes e ajustes aos fatos, nós fazemo-lo com as subscrições, feitas à medida, dos nossos clientes. Queremos garantir que qualquer pessoa possa ter seguros adequados ao seu caso. Vão encontrá-los numa plataforma onde podem visualizar, simular e contratar todos os seguros, estando esta plataforma acessível em qualquer dispositivo. Na prática, isto significa que temos um compromisso para com a excelência e que privilegiamos a qualidade dos nossos produtos e do serviço prestado. A essência da plataforma é a personalização.

“Estamos empenhados em continuar a transformar a perceção “empoeirada” que persegue o setor segurador, sendo muitas vezes visto como demasiado convencional e complexo”.

Um dos vossos statements é a vontade de trazer uma maior transparência e princípios éticos ao setor. O que é que ainda não está a funcionar bem na atividade?
É verdade que é um dos nossos statements. E não só temos essa vontade, como implementamos tais princípios na nossa atividade diária. Estamos empenhados em continuar a transformar a perceção “empoeirada” que persegue o setor segurador, sendo muitas vezes visto como demasiado convencional e complexo. Queremos descomplicá-lo, incorporando os avanços físicos e digitais que o modelo phygital nos proporciona. Em suma, queremos revitalizar o setor, e para tal, é necessária uma lufada de ar fresco, sustentada por uma base de honestidade e transparência de que tanto valorizamos.

Quais os ramos de atuação prioritários da MOVA Seguros? O que vos distingue?
Temos uma ampla gama de produtos para atender a diversos tipos de necessidades: seguros de saúde; de viagem; automóvel; acidentes; seguro para empregada doméstica; PPR; entre outros. Contudo, desde que começámos esta jornada em 2022 – ainda que tenhamos uma trajetória com mais de dez anos no ramo vida – percebemos que podíamos fazer diferente. Não apenas a quantidade, mas sobretudo a qualidade. Por isso, destacamos o ramo de consultoria empresarial no âmbito da subscrição de seguros “corporate”, como o seguro de acidentes de trabalho ou os seguros para os ciberriscos.

O que verdadeiramente nos distingue é o foco que depositamos na atenção às carências dos nossos clientes. Este incentivo foi cimentado com a introdução do nosso Vault, a plataforma “cofre”, que permite que os nossos clientes consultem todas as suas apólices num único lugar e à distância de um clique.

Empresas ou privados? Qual a vossa aposta atual e futura?
Em termos de distribuição, as empresas representam 15% da nossa carteira de seguros. Para 2023, a aposta é crescer no segmento empresarial, principalmente em segmentos que acreditamos terem um potencial de crescimento relevante. Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas ambicionamos duplicar o volume da nossa carteira de empresas até ao final de 2023.

Quantas pessoas estão na vossa equipa atualmente?
Até à data, somos três colaboradores: eu; o meu amigo e cofundador Paulo Montez e temos mais uma “aquisição” para a área comercial, a Marta Sousa Pinto. Pretendemos reforçar a equipa durante o ano de 2023 e contamos chegar ao final do ano com cinco trabalhadores.

“Os nossos planos de expansão, para este ano inclusive, passam por alcançar 10 mil inscritos no Vault, aumentar em 50% o número de clientes particulares e duplicar o número de empresas que atendemos”.

Quais os planos de expansão, quer em termos de áreas de atuação, quer de públicos?
Os nossos planos de expansão, para este ano inclusive, passam por alcançar 10 mil inscritos no Vault, aumentar em 50% o número de clientes particulares e duplicar o número de empresas que atendemos. Temos também a ambição de aumentar significativamente o volume de negócios no ramo de seguros não vida, onde estimamos duplicar a nossa carteira. Por outro lado, as nossas perspetivas permanecem promissoras no ramo de seguros de vida, com uma estimativa de crescimento em torno de 20%.

A MOVA revelou que já conta com 12 milhões de euros em carteira. Qual a meta para 2024?
Para o próximo ano, ambicionamos manter a trajetória de crescimento e consolidar o nosso posicionamento no setor.

Como é que as seguradoras tradicionais estão a olhar para o aparecimento das insurtech? Que feedback têm tido do mercado?
Penso que existem duas formas de olhar para esta questão, dependendo se temos lentes de “copo meio cheio” ou “meio vazio”. As seguradoras podem observar a inovação tecnológica no mercado dos seguros de formas positiva, reconhecendo que as insurtechs têm estado na vanguarda do mercado no que diz respeito à modernização e, consequentemente, pressionando as seguradoras tradicionais a adotar novas estratégias, o que por sua vez é positivo porque torna o setor mais competitivo e lucrativo, e por conseguinte, onde todos saem a ganhar.  Por outro lado, também podem ver as coisas numa perspetiva de “copo meio vazio” onde os progressos de uns foram invariavelmente a perda de outros, existindo vencedores e perdedores.

De qualquer das formas, acho mais plausível a primeira abordagem porque é cada vez mais evidente que a recente aplicação das soluções tecnológicas na área dos seguros tem trazido vários benefícios para o setor. A agilidade de processos, a introdução de soluções e serviços de valor acrescentado reduzem custos e melhoram o serviço e as soluções oferecidas. Seja como for, o cliente é que ganha. Por isso, o feedback só poderá ser positivo.

Como avalia o mercado português no que toca à adesão aos serviços propostos pelas Insurtech? As pessoas aderem ou o conservadorismo ainda se manifesta nesta área?
Na grande maioria dos casos, os portugueses aderem aos serviços propostos pelas insurtechs porque lhes trazem, de facto, inúmeras vantagens. Contudo, devo dizer que há alguns aspetos culturais que os impedem de tirar proveito da totalidade dos serviços disponíveis.

Mais do que a adesão aos serviços das insurtech, falaria da necessidade de encararem os seguros de outra forma. Um indivíduo deveria subscrever entre seis a nove seguros para cobrir os riscos máximos diários a que está sujeito. No entanto, a maioria dos portugueses possui muito menos seguros do que isso, quase sempre optando pelos “obrigatórios”. Vemos os seguros como um investimento desnecessário e, em consequência, não protegemos o nosso futuro e o futuro da nossa família convenientemente.

Como surgiu a ideia de criar a MOVA? O João Valente e Paulo Montez já eram da área? Qual a vossa área de formação?
Eu e o Paulo partilhámos o mesmo trajeto profissional numa seguradora, por alguns anos. Em determinada altura seguimos percursos profissionais diferentes, mas mantivemos a amizade. Por causa disso, um dia liguei ao Paulo e propus-lhe criar uma insurtech na área da mediação. Eu agi por intuição e ele já andava a acompanhar as tendências do setor e decidiu embarcar nesta aventura. No fundo, estávamos em sintonia e ambos sabíamos que o paradigma no setor dos seguros passava por uma forte transformação e tínhamos a oportunidade única de fazer parte dessa mudança em Portugal. E assim foi, sem hesitar, arregaçámos as mangas e começámos a distribuir tarefas. Por via das nossas experiências profissionais e áreas de formação, decidimos que eu ficaria com a área de gestão e marketing, sendo que o Paulo se responsabilizou pela área financeira e comercial.

“Somos financiados exclusivamente com recursos próprios, o que nos torna totalmente independentes e nos confere maior liberdade na tomada de decisão estratégia e nas opções que tomamos no dia a dia”.

Recorreram a investidores ou o projeto nasceu de capitais próprios?
Somos financiados exclusivamente com recursos próprios, o que nos torna totalmente independentes e nos confere maior liberdade na tomada de decisão estratégia e nas opções que tomamos no dia a dia. O positivo disto, para além de podermos seguir um crescimento sustentável da nossa plataforma e gama de serviços, é que não estamos sujeitos à pressão de atingir resultados específicos, trimestre a trimestre, que não se enquadrem com a nossa visão e na certeza de que temos os nossos clientes como a nossa prioridade.

E planeiam fazer alguma ronda de investimento no futuro?
Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas para já não temos planos de procurar financiamento.

Já alguma seguradora, dita tradicional, abordou-vos para uma eventual integração?
Já tivemos várias seguradoras interessadas em perceber o nosso modelo de negócio, como desenvolvemos as nossas ferramentas e como encontramos a nossa rentabilidade num setor tão maduro e com margens que são reduzidas.

Vão completar um ano de atividade em setembro. Olhando para trás, como avaliam este percurso? Quais foram os vossos principais desafios? E quais as metas que pretendem alcançar daqui para a frente?
Diria que o primeiro desafio foi mesmo a constituição da sociedade de mediação. O setor dos seguros é altamente regulado e, por isso, é preciso, e ainda bem, obedecer a uma série de requisitos legais. Depois, foi preciso “vender” a nossa ideia às seguradoras com quem queríamos trabalhar. Nós temos uma visão de longo prazo para a MOVA.

Assim, queremos que elas também tenham uma visão de longo prazo para a nossa parceria. Neste momento, além dos objetivos de que já falámos, queremos consolidar a nossa atividade e garantir que o mercado perceba que o Vault, a nossa área onde cabem todos os seguros dos nossos clientes, é uma mais-valia única.

Como é ser empreendedor neste setor de atividade?
Esta experiência tem sido desafiante, mas incrivelmente enriquecedora. Desde que começámos esta jornada que temos aprendido e crescido muito com a nossa empresa. Esperamos, acima de tudo, poder continuar a fazer a nossa parte para descomplicar o setor e a sua reputação, com modernidade e inovação expectáveis. Não sei dizer se é mais ou menos difícil do que ser empreendedor noutras atividades, mas temos consciência que a economia portuguesa precisa de quem arrisque e inove. Queremos fazer a nossa parte.

Acede ao artigo aqui https://linktoleaders.com/as-insurtechs-tem-estado-na-vanguarda-do-mercado-no-que-diz-respeito-a-modernizacao-joao-valente-mova-seguros/

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